Aos amigos artistas / oficineiros convidados a realizar esse sonho conosco:
O
espetáculo "Raízes" narra
de forma lúdica e poética a trajetória dos bandeirantes mineiros que cruzaram o
país desbravando matas e criando povoados e municípios. Em especial conta a
história das famílias "Barreto" e "Marques" que juntas
contribuíram de maneira significativa para a construção de nosso patrimônio
doando terras e plantando sonhos.
A saída das Minas Gerais; a expedição; as
dificuldades; o encontro com os índios migratórios Caiapós; a descoberta das
tão sonhadas terras; a posse; a geada; o fogo, a morte dos fundadores e a
doação das terras que deram início à fundação da cidade são os temas principais
desta montagem baseada em textos extraídos dos livros "Álbum Comemorativo
do Primeiro Centenário da Fundação de Barretos" do ano de 1954 editado por
José Tedesco e Ruy Menezes, sendo essa obra parte de uma composição literária,
onde os autores se detêm ao discurso bandeirante instituído na época da
comemoração do centenário de Barretos. Além dessa, será também utilizada a obra
"Barretos de Outrora" do ano de 1954 de Osório Rocha (de onde são
colhidos depoimentos de moradores antigos do arraial), "Espiral - História
do Desenvolvimento Cultural de Barretos" do ano de 1985 de Ruy Menezes e o
Jornal "O Sertanejo" do ano de 1900 tendo como redator Silvestre de
Lima e o primeiro pesquisador da história da cidade: Cel. Jesuíno de Melo.
Fiz um
apanhado das quatro obras que li e separei algumas referências imagéticas para
dividir com todos vocês:
Gosto
muito da cultura indígena. O próprio nome da nossa Cia deixa claro isso:
Goitacá = povo nômade. Uma outra interpretação menos aceita, define-os como
"corredores da mata". Temidos pelos colonizadores, foram descritos
como "os mais terríveis índios do Brasil, verdadeiros tigres
humanos".
"_
De que nação és? perguntou-lhe o cavaleiro em guarani.
_Goitacá,
respondeu o selvagem erguendo a cabeça com altivez.
_Como te
chamas?
_ Peri,
filho de Ararê, primeiro de sua tribo"
(O
GUARANI – José de Alencar)
A
participação dos índios Caiapós no espetáculo vejo- a como um momento mágico. Primeiro o som dos passos, gritos e cantos... clima de suspense... depois o
grande encontro... excelentes caracterizações.... bonecos de índios Caiapós com
a finalidade de dar volume ao grupo (intimidando ainda mais os bandeirantes).
Índios Caiapós
Índio Caiapó
Índios Caiapós
Índia Caiapó
Líder Caiapó
Agora a
grande referência que tenho para esse projeto, sem dúvida alguma, são os
quadros do formidável Almeida Júnior (1850 - 1899) . Nunca ninguém retratou com tanta
fidelidade, respeito e talento a vida do homem do campo como esse grande mestre
da pintura.
Caipira picando fumo – 1893 – Almeida Junior
As cores
de Almeida Junior... os tons queimados pelo sol... o calor que sai de suas
telas... o cotidiano... o simples.
Cozinha Caipira – 1895 – Almeida Junior
Esse
quadro em especial contêm vários elementos cenográficos que pretendemos usar:
fogão à lenha... chão batido... fornos... cuias... aves... e o mais importante - a simplicidade da cena. Pra mim, essa é a cozinha mais linda do mundo.
Mais
Almeida Junior pra vocês...
Violeiro 1899 - Almeida Junior
Amolação Interrompida 1894 - Almeida Junior
Caipiras Negaceanco1888 - Almeida Junior
Fuga para o Egito 1881 - Almeida Junior
O derrubador brasileiro 1879 - Almeida Junior
Saudade –
1899 – Almeida Junior
Esse
quadro têm muito a ver com o que imagino pra cena da morte do casal Barreto.
Penso em trabalhar com maquetes de um cemitério e de partes da casa do casal...
fazê- los em versão bonecos (idênticos aos atores).
Toda a
cena será focada na dor da viúva. Será usado projeções no telão do cinema pra
cena.
Penso em
fazê- la em plano sequência... Primeiro aparece escrito na tela: Francisco
Barreto e a data de nascimento e morte dele (até pq a cena anterior evidencia sua doença). Em seguida aparece a viúva numa cena com guarda- chuvas no
cemitério... em sequência a tela mostra a viúva andando de costas já dentro de sua casa (com um
vestido similar ao desse quadro Saudade arrastando pelo chão) e seus dedos (com seu anel de casada) passando e tocando em fotos... móveis... lembranças... até chegar
em seus aposentos. Uma grande janela colonial tem como vista toda a vida que
acontece lá fora. Dentro do quarto escuro... ela senta- se e deita- se na cama.
Na tela: Ana Rosa – data de nascimento e morte.
Tive essa
idéia depois que ouvi uma linda versão da música : Meu primeiro amor.
Penso em
usar o início dela instrumental semelhante a essa versão (sem o canto) e é claro, contar com os
excelentes arranjos de Rinaldo Ferreira.
Chico
Barreto foi o único e primeiro amor de Ana Rosa.
(ouçam
na RadioUol as faixas do álbum Caipira – penso em utilizar algumas músicas dali... em
outras versões e com outros arranjos... a pegada musical do espetáculo é o
experimentalismo, o corpo como instrumento, instrumentos inusitados e
alternativos).
Recado Difícil – 1895 – Almeida Junior
Ferzinha:
já pensando nos figurinos.... muita coisa customizada...
Cenas típicas da aventura deles:
A saída
das Minas Gerais – na versão romântica do Álbum Centenário – é marcada pelo
galo da família (que ninguém conseguiu apanhar) cantando enquanto eles deixam
tudo pra trás e saem a caminho do desconhecido. Gostei disso. Penso em utilizar
um grande galo boneco estilo luzitano ... desses de decoração... pra falar de
raízes...
Galo Carijó
Galo Lusitano
Cia Giramundo
Sou fã de
carteirinha dos bonecos da mineira Cia. Giramundo. Esse em especial me faz
lembrar muito Ana Rosa (esposa do Chico Barreto)... gosto de formas geométicas... nada muito
detalhadinho...
Em um dos textos que li... relatam que ao
chegar aqui, Chico Barreto e sua família encontrou uma mata extremamente
fechada... impossível de se abrir a facão... e que o solo era tomado em seu
subterrâneo de gigantescos formigueiros. Acho formiga um bicho curioso...
ninguém dá nada pra elas... mas são nossos maiores exemplos de dedicação e
inteligência... e formiga picando pé descalço é super cênico. Penso em um ataque
de formigas gigantes... com grandes olhos e comendo tudo o que vêem pela
frente...
Artesanato indígena
Artesanato indígena
Olha que legal esse boneco
da Giramundo pro “Cobra Norato”... usaram a cerâmica karajá como referência...
"Cobra Norato" - Cia Giramundo
"Primeiras Rosas" Cia Pia Fraus
"Primeiras Rosas" Cia Pia Fraus
Felizes
coincidências à parte, o que quero mesmo é exemplificar em fotos as referências
que tenho para inúmeras cenas de sombras: fogo, geada, florestas, labuta do campo e muitas
que surgirão.
Gosto de trabalhos com mãos... pretendo usá- las projetadas no telão criando cenas com bichos para
descrever a floresta e seus habitantes... outra cena que quero usar mãos
(também filmada ao vivo e projetada) é a catira de dedoches.
"Filhotes da Amazônia" Pia Fraus
Meu xodó:
Filhotes da Amazônia da Pia Fraus.
Pintei e
repintei essa onça diversas vezes... o processo criativo deles é fantástico... foi uma honra ter participado dele.
Adoro os
materiais escolhidos pra confecção dos bonecos...
Alguns
pássaros que o texto cita. Bonecos e sombras semelhantes...
O engenho da família Barreto...
o trabalho árduo... o comércio ... a pinga. Penso na música “Marvada Pinga” da
grande Inezita Barroso. A idéia é fazê- la de forma instrumental pra uma cena
cômica com atores e bonecos bêbados e felizes no arraial dos Barreto.
Aqui
exemplos de plantas e árvores que o texto relata. Adoro esses trabalhos de
pesquisa...
Embaúba
Jaracatiá
Jaracatiá
Palmito
Taquara
Bem amigos... por enquanto é isso. Espero que tenham gostado e que eu tenha esclarecido um pouco do que sonho para o nosso grandioso espetáculo.
Já estamos a meio caminho andado... agora é torcer e viajar nas possibilidades.
Valeu e até breve!
Geraldo Oliveira
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