segunda-feira, 7 de maio de 2012

PROJETO RAÍZES (REFERÊNCIAS)



Aos amigos artistas / oficineiros convidados a realizar esse sonho conosco:


O espetáculo "Raízes" narra de forma lúdica e poética a trajetória dos bandeirantes mineiros que cruzaram o país desbravando matas e criando povoados e municípios. Em especial conta a história das famílias "Barreto" e "Marques" que juntas contribuíram de maneira significativa para a construção de nosso patrimônio doando terras e plantando sonhos.
A saída das Minas Gerais; a expedição; as dificuldades; o encontro com os índios migratórios Caiapós; a descoberta das tão sonhadas terras; a posse; a geada; o fogo, a morte dos fundadores e a doação das terras que deram início à fundação da cidade são os temas principais desta montagem baseada em textos extraídos dos livros "Álbum Comemorativo do Primeiro Centenário da Fundação de Barretos" do ano de 1954 editado por José Tedesco e Ruy Menezes, sendo essa obra parte de uma composição literária, onde os autores se detêm ao discurso bandeirante instituído na época da comemoração do centenário de Barretos. Além dessa, será também utilizada a obra "Barretos de Outrora" do ano de 1954 de Osório Rocha (de onde são colhidos depoimentos de moradores antigos do arraial), "Espiral - História do Desenvolvimento Cultural de Barretos" do ano de 1985 de Ruy Menezes e o Jornal "O Sertanejo" do ano de 1900 tendo como redator Silvestre de Lima e o primeiro pesquisador da história da cidade: Cel. Jesuíno de Melo.

Fiz um apanhado das quatro obras que li e separei algumas referências imagéticas para dividir com todos vocês:




Gosto muito da cultura indígena. O próprio nome da nossa Cia deixa claro isso: Goitacá = povo nômade. Uma outra interpretação menos aceita, define-os como "corredores da mata". Temidos pelos colonizadores, foram descritos como "os mais terríveis índios do Brasil, verdadeiros tigres humanos".

 "_ De que nação és? perguntou-lhe o cavaleiro em guarani.
_Goitacá, respondeu o selvagem erguendo a cabeça com altivez.
_Como te chamas?
_ Peri, filho de Ararê, primeiro de sua tribo"
(O GUARANI – José de Alencar)

A participação dos índios Caiapós no espetáculo vejo- a como um momento mágico. Primeiro o som dos passos, gritos e cantos... clima de suspense... depois o grande encontro... excelentes caracterizações.... bonecos de índios Caiapós com a finalidade de dar volume ao grupo (intimidando ainda mais os bandeirantes).



 Índios Caiapós

 Índio Caiapó

 Índios Caiapós

 Índia Caiapó

 Líder Caiapó

Agora a grande referência que tenho para esse projeto, sem dúvida alguma, são os quadros do formidável Almeida Júnior (1850 - 1899) . Nunca ninguém retratou com tanta fidelidade, respeito e talento a vida do homem do campo como esse grande mestre da pintura. 


 Caipira picando fumo – 1893 – Almeida Junior

As cores de Almeida Junior... os tons queimados pelo sol... o calor que sai de suas telas... o cotidiano... o simples.


 Cozinha Caipira – 1895 – Almeida Junior

Esse quadro em especial contêm vários elementos cenográficos que pretendemos usar: fogão à lenha... chão batido... fornos... cuias... aves... e o mais importante - a simplicidade da cena. Pra mim, essa é a cozinha mais linda do mundo.

Mais Almeida Junior pra vocês...


 Violeiro 1899 - Almeida Junior

 Amolação Interrompida 1894 - Almeida Junior

 Caipiras Negaceanco1888 - Almeida Junior

 Fuga para o Egito 1881 - Almeida Junior

 O derrubador brasileiro 1879 - Almeida Junior

 Saudade – 1899 – Almeida Junior

Esse quadro têm muito a ver com o que imagino pra cena da morte do casal Barreto. Penso em trabalhar com maquetes de um cemitério e de partes da casa do casal... fazê- los em versão bonecos (idênticos aos atores).
Toda a cena será focada na dor da viúva. Será usado projeções no telão do cinema pra cena.
Penso em fazê- la em plano sequência... Primeiro aparece escrito na tela: Francisco Barreto e a data de nascimento e morte dele (até pq a cena anterior evidencia sua doença). Em seguida aparece a viúva numa cena com guarda- chuvas no cemitério... em sequência a tela mostra a viúva andando de costas já dentro de sua casa (com um vestido similar ao desse quadro Saudade arrastando pelo chão)  e seus dedos (com seu anel de casada) passando e tocando em  fotos... móveis... lembranças... até chegar em seus aposentos. Uma grande janela colonial tem como vista toda a vida que acontece lá fora. Dentro do quarto escuro... ela senta- se e deita- se na cama. Na tela: Ana Rosa – data de nascimento e morte.

Tive essa idéia depois que ouvi uma linda versão da música : Meu primeiro amor.


Penso em usar o início dela instrumental semelhante a essa versão (sem o canto) e é claro, contar com os excelentes arranjos de Rinaldo Ferreira.
Chico Barreto foi o único e primeiro amor de Ana Rosa.

(ouçam na RadioUol as faixas do álbum Caipira – penso em utilizar algumas músicas dali... em outras versões e com outros arranjos... a pegada musical do espetáculo é o experimentalismo, o corpo como instrumento, instrumentos inusitados e alternativos).


 Recado Difícil – 1895 – Almeida Junior


Ferzinha: já pensando nos figurinos.... muita coisa customizada...










Cenas típicas da aventura deles:








A saída das Minas Gerais – na versão romântica do Álbum Centenário – é marcada pelo galo da família (que ninguém conseguiu apanhar) cantando enquanto eles deixam tudo pra trás e saem a caminho do desconhecido. Gostei disso. Penso em utilizar um grande galo boneco estilo luzitano ... desses de decoração... pra falar de raízes...


 Galo Carijó


 Galo Lusitano


Cia Giramundo

Sou fã de carteirinha dos bonecos da mineira Cia. Giramundo. Esse em especial me faz lembrar muito Ana Rosa (esposa do Chico Barreto)... gosto de formas geométicas... nada muito detalhadinho...




Em um dos textos que li... relatam que ao chegar aqui, Chico Barreto e sua família encontrou uma mata extremamente fechada... impossível de se abrir a facão... e que o solo era tomado em seu subterrâneo de gigantescos formigueiros. Acho formiga um bicho curioso... ninguém dá nada pra elas... mas são nossos maiores exemplos de dedicação e inteligência... e formiga picando pé descalço é super cênico. Penso em um ataque de formigas gigantes... com grandes olhos e comendo tudo o que vêem pela frente...


Artesanato indígena

 Artesanato indígena


Olha que legal esse boneco da Giramundo pro “Cobra Norato”... usaram a cerâmica karajá como referência... 



 "Cobra Norato" - Cia Giramundo


 "Primeiras Rosas" Cia Pia Fraus

"Primeiras Rosas" Cia Pia Fraus

 Essas são fotos do espetáculo “Primeiras Rosas” da Cia. Pia Fraus de São Paulo que como muitos sabem foi onde fiz meu estágio de Cenografia. Antes de conhecê- los, tive a oportunidade de assistir este espetáculo no SESI da Paulista e foram as cenas de teatro de sombras que mais me impressionaram... foi a partir dessa espetáculo que tive a oportunidade de trabalhar com eles. Pois bem... o tempo passou e quando voltei a Barretos e iniciei a idéia do projeto Raízes, tinha sempre em mente desenvolver com sombras para o projeto algo semelhante. Pesquisei na internet para saber qual o melhor grupo para convidar a dar as oficinas. Escolhi. Convidei. E não é que são os mesmos que fizeram Primeiras Rosas??? rs
Felizes coincidências à parte, o que quero mesmo é exemplificar em fotos as referências que tenho para inúmeras cenas de sombras: fogo, geada, florestas, labuta do campo e muitas que surgirão.








Gosto de trabalhos com mãos... pretendo usá- las projetadas no telão criando cenas com bichos para descrever a floresta e seus habitantes... outra cena que quero usar mãos (também filmada ao vivo e projetada) é a catira de dedoches.

 "Filhotes da Amazônia" Pia Fraus

Meu xodó: Filhotes da Amazônia da Pia Fraus.
Pintei e repintei essa onça diversas vezes... o processo criativo deles é fantástico... foi uma honra ter participado dele.
Adoro os materiais escolhidos pra confecção dos bonecos...






Alguns pássaros que o texto cita. Bonecos e sombras semelhantes...





O engenho da família Barreto... o trabalho árduo... o comércio ... a pinga. Penso na música “Marvada Pinga” da grande Inezita Barroso. A idéia é fazê- la de forma instrumental pra uma cena cômica com atores e bonecos bêbados e felizes no arraial dos Barreto. 






 A planície e o bioma do cerrado...



Aqui exemplos de plantas e árvores que o texto relata. Adoro esses trabalhos de pesquisa...


 Embaúba

 Jaracatiá

 Jaracatiá

 Palmito

Taquara

Bem amigos... por enquanto é isso. Espero que tenham gostado e que eu tenha esclarecido um pouco do que sonho para o nosso grandioso espetáculo. 
Já estamos a meio caminho andado... agora é torcer e viajar nas possibilidades. 

Valeu e até breve!

Geraldo Oliveira

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